Poema sobre a pandemia

Poema sobre a pandemia

De repente
Pandemia
Toque de recolher
Quarentena

Todos trancados em seus metros quadrados
Muitos apertados, mais do que outros
O sufoco de quem não sabe
Como será amanhã

Poucos desfrutando de tantos confortos
À vontade para se espreguiçarem e curtirem
Seu streaming em cinquenta polegadas
Sua refeição pelo app

De repente
Sorrateiro
O vírus
Dentro da gente

Todos os sintomas estiveram na live daquela quarta-feira
Com direito a QR code e tudo mais
Febre, enjoos, dores no corpo, dores na barriga, dores nas costas, manchas no pulmão
Só faltou o ar

Bem melhor que remédios, vitaminas, água
O suporte de amigos, família, muitos irmãos
Dias de luta, dias de glória
Em isolamento social, mas no esconderijo do Altíssimo

De repente
A inquietação do tempo presente
E o temor das coisas futuras
Perderam a força

A garantia do que se espera, a prova do que não se vê
Nos sustentou até aqui e nos arremessa para o daqui a pouco
Toda dor é por enquanto, o amor é para sempre
Basta a cada dia o seu próprio mal

Já voltaram os cheiros, os sabores
Tão logo se abrirão as portas, e as ruas pulsarão normalidade
Ainda que o amanhã seja outro
Definitivamente outro

Luciano Motta, 19/05/2020

Publicado por Luciano Motta

Escritor, compositor, professor de Letras, doutor em Literatura Comparada pela UFF, mestre em Literatura Brasileira e Teorias da Literatura também pela UFF. Autor do livro Valores do Reino, lançado em 2017. Trabalho com música há mais de vinte anos, atuando principalmente na área de louvor e adoração. Sou um dos presbíteros da Comunidade do Rei, igreja cristã na cidade de São Gonçalo/RJ, onde moro com minha família: sou casado com Ana Cristina Pina e pai de dois filhos lindos: Luana e Samuel (bônus: temos um cãozinho shih tzu chamado Wick).

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